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Pesquisa: Líderes privados de sono são menos inspiradores


Texto traduzido e adaptado da revista Harvard Business Review, de 15 de junho de 2016.

Por Christopher M. Barnes.

Líderes têm horários exigentes e muitas vezes trocam horas de sono por mais tempo de trabalho – efetivamente, abrindo mão de trabalho de qualidade para ter trabalho em quantidade. Parte de minha pesquisa recente indica que essa ideia de comprometer a qualidade se aplica também ao conceito de liderança, com importantes consequências ao desempenho das equipes.

Em um artigo anterior, 'também na Harvard Business Review, eu destaquei como a má qualidade de sono de um líder pode aumentar as chances de que ele seja um babaca, o que, com efeito, diminui o engajamento de sua equipe. Aqui, eu foco o lado positivo da liderança: a liderança carismática, em que líderes inspiram seguidores, promovendo a impressão de que visão, missão e liderança são algo extraordinário. Liderança carismática é uma competência poderosa para qualquer líder que visa aumentar o desempenho de suas equipes.

Existem dois lados na moeda da liderança carismática: o líder e o seguidor. Em minha pesquisa mais recente (realizada com Cristiano L. Guarana, Shazia Nauman e Dejun Tony Kong), examino como a privação do sono pode prejudicar ambos os lados dessa moeda. Nosso foco é sobre o papel que as emoções desempenham na liderança carismática.


Angela Merkel, chanceler alemã, falando sobre a crise da Grécia em conferência a jornalistas.

Fonte: The Guardian, em artigo sobre efeitos da privação de sono sobre a tomada de decisão, de 13 de julho de 2015.

Investigações anteriores indicam que quando líderes mostram emoções positivas para sua equipe, aumentam as chances de que os indivíduos da equipe também experimentem emoções positivas, o que, por sua vez, os leva a atribuir carisma ao líder. Em outras palavras, líderes que sorriem com frequência tendem a ter equipes mais felizes e inspiradas.

Há duas maneiras de um líder demonstrar emoções positivas; seja por um estado de espírito naturalmente positivo, ou gerindo suas emoções para melhorar seu próprio humor (muitas vezes pensando em algo feliz, ou se distraindo daquilo que o faz infeliz). Ambas podem potencialmente tornar um líder mais carismático.

Infelizmente, a privação de sono prejudica tanto a experiência de emoções positivas como a regulação das emoções. Como resultado, líderes privados de sono estão menos propensos a demostrar emoções positivas à suas equipes, e equipes privadas de sono, menos propensas a experimenta-las. É o que nossas hipóteses previam, que a privação de sono de líderes e membros de equipes pode minar atribuições de carisma. Em outras palavras, líderes privados de sono são menos inspiradores, e membros de equipes privados de sono mais difíceis de inspirar.

Meus coautores e eu testamos essas hipóteses com dois experimentos em laboratório. Partindo da ideia de que a comunicação do líder é um vetor para a liderança carismática, no estudo 1 (com 88 participantes), nós recrutamos estudantes para fazer o papel de um líder em uma cerimônia de abertura. Demos tempo a eles para se prepararem e, em seguida, gravamos seus discursos no laboratório. Metade dos estudantes teve uma noite normal de sono antes de vir para o estudo (condição controle). A outra metade foi privada de sono, de tal forma que tivesse cerca de duas horas a menos de sono do que aquela na condição controle. Então, tivemos três avaliadores para classificar a demonstração de carisma durante os discursos.

Como esperado, os participantes privados de sono tiveram menos carisma do que aqueles que dormiram normalmente, e falhas na regulação de emoções foi o principal fator causador. Em outras palavras, os líderes privados de sono são menos eficazes em regular a demonstração de emoções positivas e, portanto, percebidos como menos carismáticos.

No estudo 2, examinamos o outro lado da equação. De forma similar ao estudo 1, tivemos um grupo em condição controle e outro com privação parcial de sono (com 109 participantes no total). No entanto, no estudo 2, colocamos os participantes no papel de subordinados ao líder. Eles assistiam alguns discursos do estudo 1 e tinham de avaliar o carisma do orador. Descobrimos que os subordinados privados de sono tiveram menos emoções positivas e, por isso, atribuíram menos carisma ao líder que discursou. Em outras palavras, subordinados privados de sono ficam mais irritadiços e é mais difícil inspira-los.

Em suma, encontramos evidências de que líderes privados de sono tendem a ser menos carismáticos (o que significa que terão mais dificuldades em inspirar sua equipe), e que membros de equipes privados de sono atribuem menos carisma a seus líderes (o que significa que é mais difícil se inspirarem).

Isso é importante porque muitos líderes estão privados de sono a maior parte do tempo. Além disso, com frequência, criam condições que favorecem a privação de sono de pessoas que lideram, como exigir que verifiquem celulares tarde da noite. Assim, muitos líderes estão sabotando sua própria capacidade de conduzir de maneira efetiva suas equipes. Moral da história: se você quer inspirar, você e sua equipe precisam fazer de tudo para terem boas noites de sono.

Ou seu recente TEDx Talks, de 16 de março de 2016: 'Sleep and Work'.

Christopher M. Barnes é professor assistente de Administração na Escola de Negócios da Universidade de Washington. Ele trabalhou no Programa de Medidas Anti-Fadiga do Laboratório de Pesquisa da Força Aérea, antes de obter seu título de Doutor em Comportamento Organizacional na Universidade Estadual de Michigan.


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