Traduzido de publicação do NPR News, em Health News by NPR, de 9 de Junho de 2015:
"Para combater a insônia, experimente terapia que trata a causa, ao invés de comprimidos"
Muitas pessoas relatam ter problemas para dormir. Um em cada 10 americanos tem insônia crônica. A maior parte das vezes os problemas de sono são tratados com medicação. Estima-se que entre 6 e 10% dos adultos, nos Estados Unidos, fazem uso de remédios para dormir.
Um estudo de revisão recente, sobre as evidências médicas até então, encontrou que a terapia pode ajudar pessoas com problemas crônicos de sono, o mesmo tanto – ou até mais – que remédios. As evidências de que a terapia cognitivo-comportamental – uma forma de terapia que foca em reestruturar pensamentos e crenças, e o padrão de reação em situações específicas – pode ajudar pessoas com problemas crônicos de sono, cresceram consideravelmente na última década, diz o Dr. David Cunnington, diretor do Centro de Distúrbios do Sono de Melbourne, na Austrália, e investigador principal do recente estudo.
"Nós queríamos reunir todos os pequenos estudos sobre a aplicação da terapia cognitivo comportamental para tratar insônia” disse Cunnington, “para realmente conseguir uma grande amostra de dados e poder ter uma melhor ideia sobre o quanto ela é efetiva. ”
Os resultados foram publicados na revista Annals of Internal Medicine.
Um programa típico de tratamento para a insônia inclui de 4 a 6 sessões com um psicólogo do sono. Ele ajuda a treinar os pacientes a acordar no mesmo horário todos os dias e a desenvolver bons hábitos de sono, como evitar álcool ou cafeína na hora de deitar, e reservar a cama para o sono (ao invés de para assistir TV, por exemplo). Eles também ensinam técnicas de relaxamento e desafiam as atitudes negativas das pessoas em relação ao sono.
Ilustração por Daniel Horowitz
Após completarem o programa terapêutico, o tempo que os pacientes levavam para começar a dormir caiu em média 20 minutos, assim como o tempo que ficavam acordados após ter iniciado o sono, que reduziu em média 30 minutos. Além disso, relataram que o tempo de sono com qualidade aumentou pelo menos 10%.
"Com base em estudos anteriores, sabemos que esses achados sobre a terapia são bastante similares aqueles que encontramos em pacientes que fazem uso de medicação, ” diz Cunnington. Em muitos casos a terapia é a melhor opção, já que trata as ansiedades de base que causam a insônia. “A medicação apenas coloca um cobertor sobre a ansiedade e ajuda as pessoas a descansarem, ” diz Cunnigton. “Mas, a terapia lida com o problema central, desafiando o que as pessoas pensam a respeito do sono. O que pode de fato quebrar o ciclo da insônia crônica. Além do mais, a medicação vem com seus efeitos e reações adversas – como se sentir sedado durante o dia. E a maioria perde seu efeito com o tempo, ” Cunnington pontua.
Então porque os médicos não recomendam terapia para problemas de sono?
"Eu acho que é uma questão de desconhecimento”, diz Kelly Baron, psicóloga clínica da escola de medicina da Universidade de Feinberg, especializada em distúrbios do sono. "Esse estudo de revisão nos demonstra números razoáveis em relação a eficácia da terapia, “ diz Baron, que não estava envolvida no estudo.
Acontece que médicos da atenção primária normalmente não sabem ou não tem para onde encaminhar pacientes com problemas crônicos de sono, diz Baron. E há um número limitado de profissionais e terapeutas treinados para tratar insônia, especialmente fora das grandes cidades.
Profissionais da área tem trabalhado para desenvolver programas de certificação para psicólogos do sono, diz Baron. “O que a gente precisa de fato focar nesse ponto é em aumentar a acessibilidade, para que mais pessoas com problemas de sono tenham a opção de escolher a terapia caso desejem. ”
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